Mais que homem de Deus, Urbano Augusto Rodrigues Valente era um servidor da comunidade e um engenheiro de vocação.
Nascido a 20 de Julho de 1872, filho de João Rodrigues Marques Valente e Maria Cândida Valente completou a sua instrução secundária no Porto, tendo depois seguido para o seminário. Foi pároco em diversas freguesias [Valadares (Gaia), Fornelo (Vila do Conde), colado de Crestuma (Gaia)] e Salreu, tendo sido esta a última onde exerceu as funções de sacerdote.
Foi bastante perseguido com a Implantação da Republica tendo, em 1919, sido obrigado a fixar residência em Santa Maria da Feira e Aveiro. Esteve preso e por duas vezes respondeu em tribunal militar, sendo sempre absolvido. Voltaria de novo a ser interrogado pela polícia, pela PIDE, quando publicou o seu livro “O Cântico dos Cânticos”, não sendo desta feita preso.
A nível concelhio esteve envolvido em diversas iniciativas. Foi um dos membros da Comissão Organizadora da Santa Casa da Misericórdia de Estarreja, cujos estatutos foram aprovados em 03/10/1935, tendo ascendido a Provedor da instituição, cargo que desempenhou entre 1946-48. Desconhece-se se o Pe. Urbano foi eleito ou nomeado Provedor da Misericórdia de Estarreja, por falta de notícias nas actas da Assembleia Geral e nas da Mesa Administrativa da época. Sabe-se, porém, que assinou na qualidade de Provedor as actas da Mesa, desde 13/01/1946, data em se se menciona que a Mesa é nova. O Pe. Urbano figura como Provedor na acta a Assembleia Geral de 26/12/1948, quando se realizam eleições, então vencidas pelo Padre. Donaciano de Abreu Freire.
Foi ainda presidente do concelho do Grémio da Lavoura de Estarreja, bem como vogal do Conselho Municipal.
A sua vertente de engenharia levou-o a construir uma máquina a vapor para aplicar num barco no Rio Douro, uma malhadeira para arroz, bem como diversas peças de carpintaria.
O Padre Urbano Augusto Rodrigues Valente viria a falecer a 29 de Dezembro de 1955, com 82 anos.